Não foi à toa que o
jornalista e professor João Alvarez escolheu a cidade de Cachoeira como modelo
para a aula de fotojornalismo a ser dada aos alunos do terceiro semestre do
curso de Jornalismo da Unime. A beleza das montanhas a contorná-la, a singeleza
de sua arquitetura colonial a escrever a história baiana na alma de seu povo e
a humildade ordeira de sua gente formam um riquíssimo conjunto cultural capaz
de fazer inveja à maioria das cidades brasileiras.
Sensualmente lambida
pelas águas do Rio Paraguaçu, Cachoeira possui o título de “Cidade Monumento
Nacional” devido a seus sobrados, casarões e igrejas a nos remeterem ao barroco
tempo da submissão colonial e o de “Cidade Heroica” devido aos grandes feitos
de sua gente que lutou nas batalhas de independência do Brasil.
Para quem vai de carro,
menos de duas horas separam-na de Salvador e, indo tanto por Santo Amaro como
pela BR 101, o seu visitante terá o privilégio de usufruir de um magnífico
cenário durante todo o percurso. Pela BR 101, ele receberá o bônus de atravessar
a Ponte Dom Pedro II, que é usada pela cidade de Cachoeira para dar as mãos à sua
vizinha e irmã São Felix e, juntamente com ela, formar uma das regiões mais
bonitas do Estado baiano. Aliás, região essa que no passado serviu como porto
de escoamento de muitas riquezas nordestinas, sendo hoje um grande polo
turístico da Bahia.
Espalhados pela cidade,
os alunos de João Alvarez sentiam-se encantados com o comportamento dos cachoeiranos
que se mostravam simpáticos àqueles estranhos que os fotografavam
indiscretamente, muitas vezes até sem lhes pedir licença. Uns sorriam, outros faziam
poses e um chegou mesmo a perguntar em tom de gozação, “em que jornal vai sair
a minha foto?” Os meninos, mais salientes, pediam para ser fotografados e
comemoravam felizes ao ver suas imagens nas máquinas dos acadêmicos.
Ao final dos trabalhos,
todos percebiam que um dia havia sido muito pouco para registrar
fotograficamente as belezas e encantos do lugar. Apesar de todo empenho
aplicado no projeto de fotografar a feira local – esta era a pauta inicialmente
apresentada, – ninguém conseguiu manter-se preso a este intento. Imagens
surgiam por todos os lados, gritando para serem registradas e nenhum dos alunos
conseguia se furtar a isso. Aline chegou mesmo a comentar: “É gostoso sentir
como se estivéssemos em um enorme Pelourinho!”
Reunidos para discutir
os temas inerentes à aula, tinham a sensação de que algo não havia sido fotografado.
Um sentimento estranho dava-lhes a impressão de terem que voltar ali para rematar
o serviço inacabado. Talvez esse tenha sido um subterfúgio criado por seus subconscientes
para disfarçar a saudade que já sentiam ao sair de lá.